Toda a gente identifica facilmente a extensa praia do Porto Santo, então também será fácil imaginar que a acompanhar o areal dourado há uma estrada marginal mesmo a pedir um passeio de bicicleta! Chegou a altura de vos contar como foi aquela tarde de verão em que decidimos dar um passeio, a pedalar desde o centro do Porto Santo até à praia da Calheta – e regresso –, com petiscos à mistura.
Sempre com o objetivo de fazermos coisas diferentes todos os dias, tínhamos já passado por algumas lojas de aluguer de bicicletas no Porto Santo e fixado nas nossas cabeças que à melhor oportunidade iriamo-nos aventurar com os miúdos num passeio de bicicleta. Quando chegou a hora, opções não faltavam! Entre as tradicionais pasteleiras, bicicletas de montanha e bicicletas elétricas, o difícil foi escolher, pois havia para todos os gostos e carteiras. Optámos por alugar duas pasteleiras com possibilidade de encaixar cadeiras para levar os miúdos atrás de nós. Ainda pensámos em alugar quatro bicicletas, mas com miúdos de 3 e 5 anos iríamos estar muito limitados na distância a percorrer e nas zonas a circular… Ainda bem que decidimos ir em duas, porque os miúdos adoraram ir mais rápido connosco, conseguiam brincar entre eles (ou pelo menos entrar em picardias), enquanto se entretinham com a vista.
O nosso objetivo era ir até ao final da estrada, que termina na praia da Calheta com uma “vistaça” espetacular para o ilhéu da Cal. Uma ideia ambiciosa, com os miúdos atrás, mas lá nos fizemos à estrada, determinados a alcançar o nosso propósito para aquela tarde soalheira no Porto Santo.
Algo que tínhamos a nosso favor era o facto de nesta zona da ilha quase não haver desnível, pelo que passear de bicicleta é bastante pacífico em termos de esforço. Outra grande vantagem de deslocar-se de bicicleta no Porto Santo, e que fez toda a diferença, é a existência de uma ciclovia que acompanha a estrada, tornando o passeio de bicicleta muito mais seguro e relaxado.
– Pai, vamos ultrapassar as miúdas! – dizia o Francisco cada vez que seguíamos atrás delas, a cumprir com o espírito competitivo da família. Ora ia eu à frente, ora ia a Margarida, a constante era aquela vista desafogada para a água cristalina do mar e para a areia dourada da praia ao nosso lado esquerdo.
– Já faltou mais, vamos querida – dizia eu para motivar a Margarida a pedalar mais rápido. Mas ela seguia ao seu ritmo a desfrutar da paisagem e não nos "dava bola" nenhuma! Não dá para culpá-la por não querer brincar às corridas, não é?
À medida que nos aproximamos da Calheta, começa uma descida pouco acentuada, mas que já permite passear de bicicleta sem pedalar. Claro que, ao mesmo tempo, dá logo que pensar na subida que teríamos de enfrentar no regresso! Mas cada coisa a seu tempo. Ali estávamos a acelerar rua abaixo, já muito próximos do nosso objetivo. Com o parque de estacionamento do Miradouro à vista, começo logo a dizer – Margarida vai travando, a estrada vai acabar ali ao fundo na descida – e lá conseguimos chegar inteiros e com os miúdos acordados (eles muitas vezes adormecem nestes programas que envolvem deslocações) e contentes.
“Estacionámos” as bicicletas e fomos apreciar a vista espetacular que se tem do Miradouro na Ponta da Calheta. Ainda ficámos lá uns minutos, a contemplar o Ilhéu da Cal, mesmo à frente, e a brincar com os nossos pequenos ciclistas, ainda elétricos com a aventura. Ao olharmos para trás vimos algumas pessoas sentadas na esplanada do bar “O Calhetas”, a comer uns petiscos.
Nem foi preciso perguntar, olhámos um para o outro e sentámo-nos logo para pedir as tradicionais lapas, duas cervejas fresquinhas e gelados para os miúdos. Não podia ter sido mais gratificante a recompensa que tivemos ao chegar ao nosso destino: uma paisagem incrível e uns peticos “à madeirense” a acompanhar. No entanto, um passeio de bicicleta é como subir a uma montanha: ficamos contentes de chegar ao destino, mas quando o alcançamos estamos, na verdade, a meio do percurso, pois ainda temos de regressar ao ponto de partida. De barriga satisfeita com aquele petisco, fizemo-nos à estrada (ou à ciclovia) novamente, prontos para enfrentar aquela subida inicial.
Eu e o Francisco fomos mais rápido, com ele a dar o ritmo e eu a pedalar. As miúdas demoraram um bocado mais, mas não desistiram, claro! Uma vez ultrapassada aquela parte do percurso, já estávamos novamente sem desnível e a pedalar ao ritmo normal em direção ao centro, onde fizemos o aluguer de bicicletas no Porto Santo.
Bicicletas devolvidas, capacetes entregues e ainda deu para ir brincar no parque infantil à beira-mar para depois dar um mergulho no cais velho com os miúdos locais! Chegávamos ao final de mais um dia de férias no paraíso.